Antes de mais agradeço a sua disponibilidade e amabilidade por nos receber e aceitar fazer esta entrevista.
P- Gostaria de lhe perguntar, sendo criador de carduelis nomeadamente carduelis cucullata, como surgiu a sua paixão por estas aves e quais foram as condicionantes mais importantes no inicio da formação do seu plantel?
R: Boas. Esta paixão pelos cardinalitos (carduelis cucullatra) surgiu à uns anos atrás, em casa de um criador amigo. Foi quando os vi pela primeira vez e foi aquele amor à primeira vista. Pensei em adquirir 1 desses exemplares, depois do primeiro vieram os seguintes e agora estou com 1 plantel de 30 casais de cardinalitos clássicos e mutações. O único inconveniente é que para fazer aumentar os meus casais de mutações tive que recorrer ao estrangeiro, porque aqui ainda não estão muito divulgados.
P- Muitos criadores defendem que o sistema de avaliação de aves do género carduelis, deveria de ser diferente. Nomeadamente, deveriam de ser julgadas as aves por espécie e não como actualmente, várias espécies de carduelis em conjunto. Sendo de carduelis qual a sua opinião a esse respeito?
R: Sim. Não posso deixar de concordar com esse comentário porque julgo eu também acho que já fui penalizado por esse método de julgamento. Deveriam sim, cada espécie ser julgada com membros da mesma espécie cardinalitos só com cardinalitos .
P- Muitos criadores/expositores ainda têm medo de expor justificando-se com maus acondicionamentos das aves nas exposições, demasiado frio, comida inadequada por entre outras justificações. No meu caso em particular, nunca tive qualquer tipo de problema sempre que expus. Do seu ponto de vista, estas “criticas” têm algum tipo de fundamento ou de facto não passam de desculpas para que as aves não sejam avaliadas?
R: Nesse aspecto eu sou muito critico pois eu sou “viciado”em exposições mas também concordo que algumas delas não oferecem as melhores condições às nossas aves no alojamento e na alimentação. Por isso, preocupo-me em levar sempre da minha comida para que seja facultada às minhas aves. Assim, não arranjo desculpas para não as levar a serem julgadas.
P- Sendo um membro activo da avicultura portuguesa, criador/expositor, e conhecendo eu o seu trabalho o que considera mais importante na escolha de um criador para as suas aves?
R: Acima de tudo para termos este tipo de aves é preciso dar-lhes as melhores condições possíveis. Depois sou muito cuidadoso com a alimentação e a água que forneço às minhas aves. Procuro sempre a melhor qualidade.
P- Quais as “dicas” que daria para um criador de carduelis seguir como linha de trabalho para obter aves dentro dos STANDARDS exigidos?
R : Acima de tudo deixo como conselhos que criem aquilo que gostem não aquilo que os vossos amigos gostam. Depois procurem sempre aves de boa qualidade para que consigam alcançar os standards exigidos. Outra coisa nem sempre 1 grande pássaro de exposição é um grande reprodutor, levem isso em conta.
P- Gostaria de lhe perguntar agora quais foram as pessoas mais importante para si neste mundo encantado da criação de cardinalitos e quais são os seus ídolos ou as pessoas que gostaria de seguir o exemplo na criação destas fantásticas aves?
R: Neste mundo dos cardinalitos digamos que não conheço muita gente, mas tem aí umas 3 pessoas que eu gostaria de referir, tu, Hugo, pois tens sido uma grande ajuda, o Erminio criador italiano e grande amigo e o Moisés como grande amigo e companheiro nesta caminhada que é a criação de cardinalitos. Quanto ao ídolo, sou de mim próprio, quando vejo 1 cria a nascer fico radiante e algo emocionado, perguntando a mim mesmo como sou capaz de atingir os meus objectivos e uma satisfação enorme.
P- Quais as mutações que lhe dão mais prazer ao criar?
R: Gosto de todas, mas a mutação topázio, pela dificuldade.
P- Considera que ter umas boas fotografias e estar num site com divulgação internacional lhe trouxe mais-valias?
R: Sim. Acho muito importantes divulgar aquilo que temos para que possamos ver que as pessoas reconhecem o nosso trabalho.
P- Como é expositor, o que aprecia mais no aspecto de uma ave?
R: A forma e o desenho. 1 Ave bem mudada é a coisa mais importante para o expositor.
P- É muito difícil criar exemplares de exposição e prepara-los para as exposições?
R: Sim. Não é fácil ter-mos aves para exposições, tem de se ter todo o cuidado com a plumagem, brilho e forma. Não é nada fácil.
P- O que será mais importante na formação de uma ave? A carga genética ou a alimentação e os suplementos?
R: São 3 situações diferentes mas as 3 muito importantes. Temos que conhecer a carga genérica para que não façamos asneiras em criar irmãos com irmão. A alimentação e das coisa mais importantes na formação da ave se lhe são facultadas sementes frescas vamos ter aves sempre com saúde e os suplementos também vieram nos ajudar a melhorar as aptidões físicas das nossas aves.
P- Será que é essencial a utilização de germinados ou é possível obter bons resultados sem correr determinados riscos?
R: Não utilizo germinado nas minhas criações.
P- Não usa germinado, nem madrastas para criar as suas aves, será que consegue criar uma quantidade de aves satisfatória? Com quantos casais criou no ano passado e quantos filhotes obteve?
R: No ano passado criei com 19 casais tirando cerca de 90 crias, para mim acho 1 trabalho satisfatório.
P- Como avalia o panorama ornitológico português?
R: Acho que não estamos tão mal quanto possa parecer mas se todos ajudarmos acho que podemos melhorar bastante.
P- O que do seu ponto de vista poderia ser melhorado a médio longo prazo no panorama ornitológico português?
R: Acho que com este mundial em Janeiro de 2010 poderá ser a viragem q estamos a espera novas ideias e mentalidades. Poderá ser muito positivo.
P- Na sua opinião como avalia o nosso site carduelisnorte.com?
R: Está muito bom, na minha opinião.
P- Considera-o uma mais-valia para os criadores de carduelis, em que medida?
R: Mais-valia sim porque lá estamos a ser observados por criadores tanto a nível nacional como internacional para que possamos ver o nosso trabalho reconhecido e apreciado.
Muito obrigado pela sua amabilidade por nos ceder esta entrevista e também por me ajudar a desmistificar determinados assuntos pertinentes do panorama ornitológico nacional e por tentar rumar um pouco contra a maré de críticas de alguns “velhos do Restelo” que falam, falam e não fazem nada.
Não posso acabar sem agradecer este bocadinho, espero ter ajudado a esclarecer algumas dúvidas que poderiam ter.
Mais 1 vez obrigado. ANTONIO CUNHA CN 438G