Exmo. Sr. Paulo Costa, Juiz de Exóticos e criador de carduelis
Antes de mais agradeço a sua disponibilidade e amabilidade por nos receber e aceitar fazer esta entrevista.
P- Gostaria de lhe perguntar, sendo juíz de exóticos e criador de carduelis nomeadamente carduelis cucullata e carduellis magellanica, qual ou quais das espécies do género carduelis que o apaixonam mais e lhe dão mais prazer a criar, se for o caso de ser uma das espécies que cria neste momento?
R: Antes de mais deixe-me dizer-lhe que fico muito honrado com esta entrevista. Como criador de carduelis quer cucullata quer magellanica, cada uma delas tem a sua beleza, por isso mesmo gosto de criar as duas espécies. Sou um apaixonado das duas.
P- Muitos criadores defendem que o sistema de avaliação de aves do género carduelis, deveria de ser diferente. Nomeadamente, deveriam de ser julgadas as aves por espécie e não como actualmente, várias espécies de carduelis em conjunto. Sendo juiz de exóticos e criador de carduelis qual a sua opinião a esse respeito?
R: Quanto aos julgamentos nos juízes temos de seguir as regras impostas pela COM. Agora, quanto a minha opinião penso também da mesma forma ou seja os carduelis deveriam estar divididos pelas espécies existentes, uma vez que cada uma delas tem as suas características e critérios diferentes de julgamento.
P- Muitos criadores/expositores ainda têm medo de expor justificando-se com maus acondicionamentos das aves nas exposições, demasiado frio, comida inadequada por entre outras justificações. No meu caso em particular, nunca tive qualquer tipo de problema sempre que expus. Do seu ponto de vista, estas “criticas” têm algum tipo de fundamento ou de facto não passam de desculpas para que as aves não sejam avaliadas?
R: Eu penso que hoje em dia esses pensamentos estão a mudar. Os criadores é que fazem as exposições e melhoram a qualidade das exposições. Se os criadores começarem a expor em maior número é evidente que as organizações irão ter também mais atenção com as condições particulares dessas espécies. Mas para isso têm de acreditar cada vez mais nos Clubes Organizadores e também no Grupo de trabalho de quem os avalia no caso (CNJ).
P- Sendo um membro activo da avicultura portuguesa, juiz, criador/expositor, presidente de uma associação e conhecendo eu o seu trabalho e os incentivos que dá para que os criadores se tornem expositores, que conselhos pode dar aos nossos leitores, em jeito de incentivo, para que todos os criadores de carduelis se dediquem como expositores?
R: Os conselhos são relativos uma vez que cada um de nós tem gostos diferentes, mas quem gosta do mundo das aves nomeadamente estas espécies, é necessário termos muita paciência e dedicação para com estas espécies, uma vez que são aves que requerem cuidados especiais. Mas no final de um ano de criação se todos nós tivermos esses mesmos cuidados certamente que iremos estar orgulhosos do nosso trabalho.
P- Quais as “dicas” que daria para um criador de carduelis seguir como linha de trabalho para obter aves dentro dos STANDARDS exigidos?
R: Como sabem, o “CNJ” está a trabalhar no sentido de poder facultar a todos os criadores de aves, os standards das espécies. No caso dos carduelis eu e os meu colegas da comissão técnica de exóticos estamos já a preparar os standards dos carduelis cucullata e também os carduelis magellanica, que esperamos muito em breve poder colocar online no site do CNJ. Quanto as dicas, deveremos ter em atenção em primeiro lugar os acasalamentos. Tentarmos sempre acasalar aves com um bom desenho e se possível com um excelente lipocromo. Em segundo lugar deveremos ter em atenção o desenho e coloração da cabeça do macho uma vez que é um dos pontos de eleição mais importantes nos julgamentos destas aves.
P- Como todos nós sabemos, os juízes são humanos, também erram, e tal como nós, têm gostos e opiniões. Acredita que um juiz ao avaliar um conjunto de aves, por exemplo mutações, poderá preferir uma ave de uma mutação em detrimento de outra de outra mutação por ser influenciado pelo seu gosto pessoal?
R: Eu penso que não uma vez que quando estamos a classificar aves, temos de ser o mais correcto possível com o standard das aves independentemente do gosto pessoal de cada um.
P- Como avalia o panorama ornitológico português?
R: Acho que estamos no bom caminho. Cada vez mais aparecem nas exposições nacionais e internacionais, incluindo campeonato do mundo aves com qualidade acima da média. Estamos pois a melhorar a olhos vistos e os resultados também.
P- O que do seu ponto de vista poderia ser melhorado a médio longo prazo no panorama ornitológico português?
R: Penso que a todos os níveis teremos de ir melhorando, quer a nível da criação, organização de eventos e conhecimentos ornitológicos por parte de todos nós.
P- Na sua opinião como avalia o nosso site carduelisnorte.com?
R: E com grande satisfação que o digo Excelente. É bom ver que cada vez mais temos gente com vontade de ajudar a melhorar a ornitologia portuguesa nomeadamente a criação dos carduelis. Por isso mesmo bem ajam essas pessoas.
P- Considera-o uma mais-valia para os criadores de carduelis, em que medida?
R: É claro que sim, como já referi no ponto anterior. Muitos dos criadores têm muita dificuldade por exemplo na genética e como já constatei na breve passagem que fiz pelo site podemos ver os resultados genéticos dos acasalamentos dos carduelis cucullata e magellanica, este aspecto é bom para os criadores saberem como acasalar as suas aves.
Obrigado
Muito obrigado pela sua amabilidade por nos ceder esta entrevista e também por me ajudar a desmistificar determinados assuntos pertinentes do panorama ornitológico nacional e por tentar rumar um pouco contra a maré de críticas de alguns “velhos do Restelo” que falam, falam e não fazem nada.